Há uma mulher que tece
Que faz rendados e mora em mim.
Calada, pouco se expõe
No começo de setembro começa a falar da delicadeza das copas das árvores
Sempre me mostra uma luz aqui, um brotar de alguma coisa inesperada
Odeia os círculos que frequento. Prefere as redes e as rosas.
Gosta de céu azul e canto de pássaros mais que tudo
Contudo, esses dias tem andado diferente
Acenando mais com as mãos
Olhos transbordantes e brilho nos lábios
Nada diz, nada conta
Segue silenciosa bordando rimas e teias.
Segue calmamente a sombra de mim
Esperando a primavera, ao fim de tarde canta um pouco
Uma canção que fala tudo
sem nada dizer.
(Mariani Lima)